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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Reaproveitamento de pneus ajuda a diminuir foco do mosquito da dengue no Recife

Jornal Nacional. Rede Globo de Televisão. Edição de 19.9.2011.

O Brasil produz cerca de 67 milhões de pneus por ano. O descarte de forma errada é uma ameaça para o meio ambiente.

Uma ideia desenvolvida no Recife está ajudando a diminuir a proliferação do mosquito da dengue. E com um benefício enorme para o meio-ambiente.
Montanhas de pneus velhos lotam o galpão da coleta seletiva do Recife. Todos dias três caminhões chegam abarrotados. Eles passam de bairro em bairro recolhendo a moradia preferida do mosquito da dengue.
“Ele é o berçário ideal para o mosquito da dengue. Ele dá sombra e a água, então isso aqui é tudo o que o mosquito da dengue quer para se proliferar”, diz Otoniel Freire Barro, gerente de saúde ambiental.
O Brasil produz cerca de 67 milhões de pneus por ano. O descarte de forma errada é uma ameaça para o meio ambiente.
Transformar lixo e problema em matéria-prima e lucro. A tecnologia tem sido uma aliada importante pra vencer este desafio. E o melhor, é que do pneu tudo se aproveita. Em uma empresa no Recife, 100% dos velhos pneus viram novos produtos.
A tecnologia foi adaptada por uma organização ambientalista. Os pneus são cortados e colocados em caldeiras a 400 graus de temperatura. Derretidos 200 pneus dão origem a 250 litros de óleo, 300 quilos de carvão mineral, 150 quilos de aço e geram outro produto que não dá pra ver: o gás que é usado para alimentar as caldeiras.
O carvão e o óleo voltam para as indústrias como combustível. O aço é aproveitado pelas metalúrgicas.
O pneu triturado é usado na produção do asfalto de borracha. O caminhão ecológico percorre as ruas do Recife tapando buracos. A primeira camada é de brita. Depois, uma mistura com asfalto e, por último, a camada com os grãozinhos de pneus.
Os testes indicam que o asfalto de borracha pode durar entre três e cinco anos. E de buraco em buraco, segundo a empresa, cada caminhão ecológico vai retirando da natureza 21 mil pneus por ano.

Língua portuguesa esconde ciência nacional

São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

Maioria das pesquisas brasileiras publicadas em revistas locais não tem versão em inglês, o que reduz a visibilidade

Número de citações por artigo dobra quando texto está em inglês; escolha do idioma da revista é 'editorial', diz especialista

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

O Brasil é o 13º país na lista dos que mais publicam artigos científicos. Mas, quando o assunto é quantas vezes cada texto é citado por outros pesquisadores, o país vai mal.
Isso acontece principalmente por um motivo: 60% dos artigos publicados por aqui estão em português.
E, diferentemente de países como a Espanha, boa parte dos cientistas daqui prefere publicar em revistas brasileiras.
A questão foi levantada em um evento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), realizado na sexta-feira passada, que discutiu o desempenho dos periódicos brasileiros.
O interesse da Fapesp pelo assunto é claro: não adianta financiar as pesquisas se ninguém repercutir os resultados dos trabalhos.
"Precisamos pensar quais artigos devemos publicar só em português, só em inglês e quais devem estar nas duas línguas", disse Abel Packer, coordenador operacional do SciELO -base que reúne revistas científicas com acesso aberto na internet.

PIOR NAS HUMANAS
Em áreas como linguística, letras, artes e ciências sociais aplicadas a situação é pior.
Além dos artigos majoritariamente em língua portuguesa, cerca de 65% dos resultados de pesquisas nessas disciplinas estão em livros -que também estão em português.
"Mas em áreas como a linguística pode não fazer tanto sentido publicar em outro idioma", diz Packer.
"O ideal, claro, seria que todas as revistas tivessem também uma versão em inglês. Mas isso teria um custo muito alto", completa.
Hoje, o governo gasta cerca de R$ 5 milhões anuais com as revistas nacionais.
Mas para Luís Reynaldo Alleoni, editor da "Scientia Agrícola", da USP de Piracicaba, "passar as revistas brasileiras para a língua inglesa é um caminho sem volta."
O periódico está em inglês desde 2003. Com isso, as citações aumentaram, e o número de artigos de cientistas estrangeiros passou de 5%, em 2002, para 11% em 2010.
Parcerias também aumentam o impacto dos artigos. As citações dos estudos nacionais crescem 50% quando os trabalhos são feitos em colaboração internacional.
Para Rogério Meneghini, coordenador científico do SciELO, há uma espécie de "transferência do impacto" do artigo quando uma instituição brasileira publica um trabalho com outra estrangeira mais renomada.
"Mas, além de ter pouca colaboração entre países, o Brasil tem um número pequeno de artigos produzidos entre as próprias instituições nacionais", diz Meneghini.
O SciELO recomenda, cada vez mais, que as revistas nacionais estejam em inglês.
"Mas a escolha do idioma ainda é uma decisão editorial da revista", conclui Packer.

Ribeirão registra mais 2.185 casos confirmados de dengue neste ano

Ribeirão Preto, Quinta-feira, 22 de Setembro de 2011

DE RIBEIRÃO PRETO - A Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto confirmou mais 2.185 casos de dengue no município, segundo boletim divulgado ontem no final da tarde pela pasta.
Com as confirmações, sobe para 18.425 o número de pessoas afetadas pela doença -11 foram confirmados em setembro.
O balanço anterior, apresentado no dia 16 de agosto, trazia 16.420 confirmações.
A situação confirma a segunda maior epidemia de dengue da história da cidade.
Apesar do maior número de casos, não foi confirmada nenhuma nova morte por dengue neste último balanço.
Desde janeiro deste ano, a secretaria registrou 12 mortes por dengue.
Em seis outros óbitos suspeitos de terem sido provocados pela doença, a Secretaria da Saúde descartou que a causa era a dengue.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cachorro da raça pug morre após atraso no check-in de voo

Dona diz que a Gol não permitiu que ela cuidasse do animal
FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo, 20 de setembro de 2011.

Um cão pug morreu após ficar cerca de dez horas na caixa usada para transportar animais em voos no dia 13. Segundo os donos do animal, ele teve parada cardiorrespiratória ao desembarcar em Vitória (ES), após um atraso no embarque em São Paulo.
A jornalista Mariana Castelar de Oliveira, 26, afirmou que ela e o marido queriam levar três cães da raça -duas fêmeas e um macho, chamado Santiago- de São Paulo para Vila Velha (ES) .
A Gol disse que só transportava dois, mas que era para preencher um formulário para liberar o terceiro, afirmou Mariana. De acordo com ela, os cães foram colocados na caixa de transporte às 5h, mas o check-in atrasou.
"Sugeriram para a gente embarcar às 10h50 em vez de às 7h, mas esse voo atrasou mais de três horas. Meu marido pediu para ver os cães e levar água, mas disseram que não era permitido e que os animais estavam bem."
Ela desembarcou em Vitória às 15h - cerca de 10 horas depois da chegada ao aeroporto de São Paulo. Mariana conta que quando os cães foram entregues, ela notou que Santiago passava mal. "Fomos correndo para um veterinário, mas ele morreu", lamenta. O cão tinha três anos e meio e era saudável.
Em nota, a Gol afirma lamentar o fato e diz que se colocou à disposição dos donos do cachorro. "O cliente se reservou ao direito de falar somente por meio de seu advogado. Em respeito a isso, a Gol prestará esclarecimentos diretamente aos envolvidos", diz.

ALGUNS CUIDADOS AO VIAJAR COM BICHOS
1 CHECK-UP

Leve o cão ao veterinário para um exame clínico antes do embarque

2 CONFORTO
Escolha um horário de voo em que a temperatura seja mais baixa (de manhã ou à noite)

3 MEDICAÇÃO
Cães mais estressados e com dificuldade respiratória inspiram mais cuidado na viagem. Avalie com o veterinário se é mais recomendável sedá-lo ou levá-lo na cabine

4 IDADE
Não é recomendado viajar com cães idosos (a partir de oito anos de idade)

Começa a campanha contra a dengue

O combate aos focos do mosquito em residências e terrenos abandonados será iniciado esta semana e seguirá até maio de 2012 (Oswaldo Reis/Esp. CB/D.A Press - 6/10/10)


O combate aos focos do mosquito em residências e terrenos abandonados será iniciado esta semana e seguirá até maio de 2012

Correio Braziliense. Brasília-DF, 20 de setembro de 2011. Cidades.


Mesmo diante da decisão dos agentes comunitários de saúde e dos vigilantes ambientais da Secretaria de Saúde do Distrito Federal em iniciarem uma greve, a Semana de Prevenção da Dengueserá mantida. No entanto, parte das atividades da campanha serão afetadas, já que 70% dos servidores estão de braços cruzados desde ontem, quando anunciaram, durante assembleia em frente ao Palácio do Buriti, a paralisação por tempo indeterminado.

A ação do governo local começa hoje e deve seguir até maio do próximo ano. Ao longo desta semana, serão realizados debates nas escolas públicas e em igrejas, além de vistorias para eliminar o mosquito transmissor da dengue em residências e terrenos abandonados. “Por conta da greve, não faremos o manejo ambiental. Mas, em compensação, a mobilização seguirá até maio. Por isso, não seremos muito prejudicados”, adiantou o coordenador do Programa de Prevenção e Controle da Dengue da Secretaria de Saúde, Ailton Domício.

Este ano, o objetivo da campanha é fazer com que a própria sociedade seja o principal agente para a eliminação dos focos da dengue antes mesmo da chegada das chuvas. “Se a população ajudar, vamos eliminar os potenciais criadouros do mosquito antes da época chuvosa, quando o número de casos da doença aumenta”, frisou Ailton. Os agentes e voluntários, como o Grupo de Escoteiros do DF e a Cruz Vermelha de Brasília, trabalharão no combate do vetor da doença. A mobilização chegará até os usuários do Metrô-DF por meio de mensagens sobre a prevenção da dengue, que serão divulgadas durante o período de funcionamento das estações. De hoje até domingo, o Zoológico de Brasília também participará da ação, destacando o tema durante a realização de projetos desenvolvidos no parque, como o Zoo Camping.

Somente até agosto deste ano, 1.359 registros da doença foram confirmados pela Secretaria de Saúde. Desses, 855 foram de pessoas que contraíram a dengue no DF. As cidades que contabilizam o maior número de casos confirmados são Samambaia, Planatina e Sobradinho 2 — com 141, 114 e 56, respectivamente. De acordo com Ailton, das 10 pessoas que tiveram a forma mais grave da dengue, duas morreram em decorrência da enfermidade. A primeira morte ocorreu em 24 de fevereiro. A vítima tinha pouco mais de 40 anos, morava no Paranoá e trabalhava no Lago Sul. O local de infecção ainda não foi constatado. O outro caso foi confirmado em julho deste ano, mas o governo não deu detalhes da vítima.

Doença perigosa

Causada por um arbovírus da família Flaviviridae, a dengue é uma das doenças mais endêmicas do mundo, que vitima cerca de 100 milhões de pessoas anualmente, de acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda segundo o órgão, a forma hemorrágica da enfermidade ataca 500 mil pessoas por ano, com taxas de mortalidade de até 30%


Agentes em greve
 
Segundo o vice-presidente da Associação dos Agentes Comunitários da Saúde do Distrito Federal (AACS-DF) e presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Sindsaúde), Uziel Melo, a greve foi decretada após o não cumprimento de algumas promessas do governo. A categoria pede a isonomia com os servidores estatutários, a prorrogação do prazo de concurso e o pagamento de gratificações aos agentes de saúde (titulação, incentivo a ações básicas e de condições especiais de trabalho) e aos de vigilância ambiental (titulação, de movimentação e de atividade de vigilância ambiental), já concedidas aos estatutários.

De acordo com Uziel, a Secretaria de Saúde (SES) assegurou, em julho, que levaria as reivindicações para votação na Câmara Legislativa do DF, no entanto, a promessa não foi cumprida até o prazo firmado, em agosto. “Queremos que nos garantam as gratificações conforme o acordo que firmamos. O secretário disse que o combinado era que isso fosse levado para a Câmara até 15 de agosto, mas, até agora, nada”, protestou o representante. Ailton informou ainda que na próxima quinta-feira, às 10h, está marcada a segunda assembleia da categoria.

Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou não ter recebido, até ontem, notificação da paralisação dos serviços, mas adiantou que “a Secretaria de Administração, com o apoio da SES, está em fase de negociação com as categorias de agentes comunitários de saúde e agentes de vigilância ambiental. As propostas já foram encaminhadas ao GDF”. (TL)

Como se prevenir?O mosquito coloca seus ovos na água parada e limpa. Por isso, siga estas recomendações:

» Não deixe água acumulada em vasos de plantas e xaxins;

» Coloque areia grossa nesses recipientes;

» Não abandone pneus velhos. Eles são o “berçário” predileto do mosquito

» Não deixe destampadas caixas d'água, poços, latões e filtros;

» Troque diariamente a água de bebedouros de animais;

» Jogue fora materiais que acumulem água, como copos e latas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Agentes da dengue têm situação indefinida

Ribeirão Preto, Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011


A pouco tempo do início do período em que o mosquito se prolifera, prefeitura não sabe se efetiva temporários

Ontem, prefeita, promotor e servidores se reuniram, mas as partes não chegaram a uma conclusão

ANA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO

Às vésperas do período de chuvas, que favorece a proliferação do mosquito transmissor da dengue -o Aedes aegypti-, a Prefeitura de Ribeirão não sabe ainda se vai efetivar os 190 agentes contratados temporariamente.
Um comitê nomeado pela prefeita Dárcy Vera (DEM) para estudar a efetivação dos profissionais contratados após a emenda constitucional nº 51 da Constituição Federal (que regula a atividade dos agentes) não encontrou até o momento uma saída jurídica para o caso.
Em reunião ontem no Palácio Rio Branco, representantes do comitê e dos agentes e o promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, discutiram a possibilidade de contratação, mas sem chegar a uma conclusão.
"Não dá para levantar hipóteses sem analisar a situação", afirmou o promotor.
A equipe deve se reunir nas próximas semanas para checar se os contratos temporários dos agentes podem ser prorrogados enquanto não há solução jurídica.
Paralelamente a esse estudo, a comissão deve levantar a situação dos agentes com vínculos diretos com a prefeitura e daqueles com ligação indireta -são oito contratados pela Faepa, ligada ao HC, e à Santa Casa.
"[A saída dos agentes] Preocupa, sim, porque eles já têm experiência, já estão em campo, já tem relacionamento próximo com a comunidade. Cria-se um vínculo. É isso que a gente não pode perder", diz Dárcy.
Segundo o secretário da Saúde, Stenio Miranda, 40 agentes devem sair em um prazo de 40 dias.
Um desses profissionais é o agente do Controle de Vetores Wilton Gerson da Silva, 48. Após quatro anos de trabalho, ele terá que deixar o cargo hoje. "Espero que eles consigam chegar a uma solução, porque é triste sair depois de tanto tempo".

IMPACTO NO COMBATE
Para o secretário da Saúde, a saída dos agentes pode causar um impacto no combate à dengue, mas não deve prejudicar as ações de controle do mosquito.
"Os trabalhos continuam, não só com os agentes do Controle de Vetores, mas com outros profissionais", afirma.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado no dia 16 de agosto, Ribeirão Preto tem 16.240 casos de dengue -a segunda maior epidemia da história do município.

Governo quer menos testes com animais

Folha de São Paulo. São Paulo-SP, 14 de setembro de 2011. Ciência.

Novo centro de validação de métodos alternativos pode substituir cobaias em alguns testes de cosméticos em um ano

Para especialistas, no entanto, a eliminação completa de modelo animal em laboratórios é muito improvável

Apu Gomes/Folhapress


JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

O país poderá ter menos testes pré-clínicos ou de segurança com animais. Esse é o objetivo de um termo de cooperação assinado ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O termo foi firmado com a Fiocruz, que será o "guarda-chuva" do futuro Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos. De acordo com Maria Cecília Brito, uma das diretoras da Anvisa, o objetivo do centro é desenvolver e validar as chamadas metodologias alternativas de experimentação, que não usam animais para determinar a segurança ou eficiência de um produto.
A partir disso, a Anvisa passará a chancelar produtos que, hoje, só são aceitos após comprovações que envolvem animais em laboratório.
Esse é o caso, por exemplo, de xampus para crianças (cujos testes tentam identificar se causam ardência nos olhos) e de cremes rejuvenescedores que agridem a pele.
De acordo com Isabella Delgado, da Fiocruz, a ideia é ampliar os casos em que o uso dos animais não é necessário. Mas, em situações como teste de potencial de câncer ou riscos na reprodução humana, a substituição dos animais é improvável. "Pensamos na redução e no refinamento, buscando diminuir dor e sofrimento [dos animais]", diz Delgado.
O médico Marcelo Morales, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), representante dos cientistas no Conselho de Ética Animal, concorda com Delgado.
Para ele, a criação do centro é um caminho para o país desenvolver alternativas à experimentação animal. "Mas em nenhum lugar do mundo não existe experimentação animal", explica.
Morales explica que cada metodologia de experimentação alternativa pode levar até dez anos para ser desenvolvida. Isso é feito com base em pesquisas científicas.
Além de desenvolver métodos próprios, o centro deve interligar outros no país nessa área e também chancelar testes já feitos no exterior.
De acordo com Brito, da Anvisa, os primeiros resultados, com cosméticos, devem sair em até um ano. Ela acredita ainda que o centro vai estimular que empresas brasileiras optem pelos testes sem animais.
"Países mais avançados nessa questão não aceitam testes pré-clínicos com animais. Alguns produtos brasileiros não conseguem mercado fora e outros já lançaram mão desses métodos para vender no exterior", afirma. Delgado, da Fiocruz, diz acreditar que não será preciso pensar em proibição.
"Quando você consegue uma metodologia substitutiva, dificilmente vai optar pelo modelo animal." Consultado pela Folha, o presidente do grupo ativista "Holocausto Animal", Fábio Paiva, mostrou-se animado com a criação do centro. "Sou favorável a qualquer passo que possa reduzir o uso de animais em laboratório. É uma luz no fim do túnel."

Prefeitura do Rio proíbe floreiras e vasos com água nos cemitérios

Objetivo da medida é combater o mosquito transmissor da dengue, que prolifera na água acumulada nos recipientes

O ESTADO DE SÃO PAULO. São Paulo-SP, 12 de setembro de 2011.


SÃO PAULO - A Prefeitura do Rio proibiu a utilização e manutenção de recipientes que retenham e acumulem água nos cemitérios públicos e particulares com o objetivo de combater a dengue. Estão proibidos o uso de floreiras, vasos, canaletas e reservatórios, caixas d'água descobertas, flores artificiais e similares.
 - Wilton Junior/AE
Wilton Junior/AE
Portaria da Coordenadoria de Controle de Cemitérios e Serviços Funerários, vinculada ao órgão municipal, foi divulgada nesta segunda-feira, 12, no Diário Oficial do Município, e visa o combate ao mosquito Aedes Aegypt, transmissor da dengue.
A proibição nos cemitérios, para evitar a proliferação do mosquito, integra as ações da Prefeitura, que em decreto de 31 de agosto determinou Estado de Alerta contra a Dengue na Cidade do Rio de Janeiro.
Os administradores dos cemitérios deverão fiscalizar permanentemente essa proibição, obrigando-se à retirada imediata do que estiver em desacordo com a determinação daquela coordenadoria. Caso contrário, estarão sujeitos às sanções previstas no artigo 2º do decreto 9532/90.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Substância da Phyllomedusa nordestina elimina o protozoário da Leishmaniose

Silvia Pacheco

Corrio Braziliense, 12/09/2011. Ciência.:
 
A leishmaniose deixou de ser uma doença de ocorrência apenas em áreas consideradas remotas. Nos últimos 30 anos, a mazela avançou sobre os centros urbanos e hoje se encontra fora de controle no Brasil e no mundo. Para se ter uma ideia de sua gravidade e do seu avanço no país, a enfermidade é um dos maiores problemas de saúde pública do estado do Pará e já chegou ao Sul — região antes considerada de difícil adaptação dos insetos transmissores, por conta das baixas temperaturas. Além da transmissão descontrolada, outro problema, talvez ainda mais grave, aflige a sociedade: a falta de um tratamento adequado e eficaz contra a doença. A saída, porém, pode estar na própria natureza, mais especificamente, nas costas de anfíbios. Uma pesquisa brasileira indica que uma substância encontrada na secreção desses animais tem ação potente contra o protozoário que provoca o mal.

A descoberta foi feita por José Roberto Leite, coordenador da equipe do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia da Universidade Federal do Piauí (Biotec/UFPI), após testar a substância em células infectadas pela leishmania. “Entre dezenas de outras substâncias testadas, encontramos uma que pode dar origem a um fármaco muito mais eficaz que os existentes hoje”, afirma o pesquisador. A molécula se destacou contra a leishmaniose tegumentar, tipo da doença que se manifesta na pele.

A substância à qual Leite se refere é a dermaseptina 01, e foi extraída da secreção produzida pela Phyllomedusa nordestina, perereca de cerca de 5cm de comprimento muito comum no Delta do Parnaíba, no Piauí. Segundo o pesquisador, o líquido extraído do dorso do animal tem alto poder antimicrobiano, sendo capaz de protegê-lo de bactérias e fungos. O ambiente úmido e cheio de matéria orgânica em que os anfíbios estão imersos na quase totalidade de sua vida é ideal para a proliferação de bactérias comensais, que vivem na parte externa do corpo dos animais. Assim, o desenvolvimento de um sistema imunológico eficaz foi essencial para o sucesso evolutivo de espécies da ordem dos anuros — sapos, rãs e pererecas.



Sabendo disso, os cientistas focaram os estudos na identificação das substâncias presentes na secreção e na forma como elas atuam sobre micro-organismos patogênicos. “A ideia é conhecer essas substâncias antimicrobianas, sua estrutura molecular, e tentar mimetizar seus efeitos antibióticos contra bactérias patogênicas ao homem”, descreve Leite. Esse esforço de prospecção se iniciou em 2002, com anfíbios do Cerrado, quando o especialista integrava uma equipe de pesquisadores na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Pouco tóxica
Os anfíbios possuem em sua região dorsal uma série de glândulas granulares, especializadas na produção de veneno. Leite explica que essas estruturas produzem diversas classes de moléculas de interesse, principalmente peptídeos — biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos. No caso da Phyllomedusa nordestina, há mais de 20 substâncias no peptídeo que foram isoladas e estudadas uma a uma (veja quadro).

A identificação da ação da dermaseptina 01 foi feita depois de ser testada nas células infectadas pela leishmaniose. Em 24 horas, a substância conseguiu acabar com o protozoário da doença. “Essas moléculas têm se mostrado muito potentes contra a leishmaniose tegumentar, além de apresentar menos efeitos colaterais contra células humanas, ou seja, baixa toxicidade”, afirma o coordenador da Biotec.

A toxicidade é um dos gargalos no tratamento contra a leishmaniose no mundo. Os dois únicos remédios existentes contra a doença trazem efeitos colaterais extremamente prejudiciais ao homem. Para se ter uma ideia do nível tóxico de tais medicamentos, o índice de mortalidade de pacientes que fizeram uso do tratamento é entre 5% a 20%. “Por isso, a dermaseptina 01 tem nos dado a expectativa de que, a partir dela, possam surgir uma classe de medicamentos eficazes contra a doença”, acredita Leite.
Nanoestruturas

Para que essa substância se torne mais eficaz contra a doença, os pesquisadores criaram nanofilmes com espessuras semelhantes a uma membrana natural que, aplicada sobre a pele, libera aos poucos a dermaseptina 01. “Para atacar a célula, a dermaseptina 01 tem de atravessar a parede celular. Assim como nos nanofilmes artificiais, já podemos analisar como se dá o processo na membrana celular da leishmania”, explica Valtencir Zucolotto, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e coordenador da rede Nanobiomed, que estuda plataformas nanotecnológicas aplicadas à medicina.

No Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia, no Piauí, os cientistas desenvolveram um tipo de nanofilme feito da goma de cajueiro, na qual a substância pode ser inserida para chegar à célula e combater o protozoário. “Pretendemos utilizar esse material de caráter regional como uma membrana antiparasitária em feridas de pacientes com leishmaniose cutânea, aproveitando, além das propriedades do peptídeo, os efeitos da goma de cajueiro purificada que possui atividade antimicrobiana e antioxidante, já comprovadas por outros trabalhos de nosso grupo”, completa Leite.

O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) e doutor em saúde pública pela Universidade de Harvard, Carlos Henrique Costa, mostra-se animado com os resultados da pesquisa e acredita que o estudo dos peptídeos possa originar novos medicamentos, sobretudo contra outras doenças tropicais. “Os anfíbios conseguiram sobreviver às grandes catástrofes, muito por conta dos peptídeos que eles produzem — inimigos naturais dos micro-organismos patogênicos.”

Costa ressalta a importância de pesquisas sobre a leishmaniose por causa da transmissão descontrolada, já que o inseto transmissor da doença se ada pta bem às condições urbanas. “Ele pode se transforma no novo Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue) muito mais rapidamente do que imaginamos”, alerta. “Toda pesquisa em busca de produtos farmacológicos traz esperança, pois não temos como combater a doença, que está se expandindo”, enfatiza o presidente da SBMT.

Tipos
A leishmaniose pode ser do tipo tegumentar e visceral. No primeiro caso, provoca lesões na pele e, em casos mais graves, ataca as mucosas do rosto, como nariz e lábios (leishmaniose mucosa). A manifestação visceral afeta os órgãos internos, causando febre, emagrecimento, anemia, aumento do fígado e do baço e imunodeficiência (diminuição da capacidade de defesa do organismo contra outros micróbios).

Vacina experimental traz esperança para enfrentar malária

São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

Imunização, feita com micróbio atenuado da doença, mostrou-se segura em 1o teste

RAFAEL GARCIA

DE WASHINGTON

Uma vacina contra a malária que usa uma estratégia de produção inovadora obteve bons resultados em testes preliminares, anunciaram hoje cientistas americanos.
O novo imunizante, desenvolvido pela empresa de biotecnologia Sanaria em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, é o primeiro a usar células inteiras do parasita Plasmodium falciparum, causador da forma mais severa da doença.
Tratado com radiação para ser enfraquecido, o micróbio é injetado no organismo e faz com que o sistema imune aprenda a reconhecê-lo, sem oferecer risco.
Em estudo na revista "Science", os cientistas mostram como fizeram para isolar os esporozoítos, um dos estágios do plasmódio, e transferi-los para uma solução limpa que pode ser usada como vacina.
Os pesquisadores já testaram a nova vacina com injeções superficiais em humanos, e ela se mostrou segura, ainda que não tenha mostrado eficácia logo de cara. Os cientistas ainda não tinham autorização para usar injeção intravenosa do produto em pessoas, e fizeram um teste em macacos, com sucesso.
"Mostramos que a injeção intravenosa é dez vezes mais potente do que a subcutânea", diz Robert Seder, um dos líderes do trabalho.
"Agora vamos começar um estudo de segurança com humanos, primeiro testando doses baixas da vacina com injeção intravenosa. Depois vamos desafiar os voluntários, expondo-os a mosquitos infectados com malária."
As cobaias do estudo, diz, serão militares recrutados pelo Instituto de Pesquisa Walter Reed, do Exército dos EUA. "Se eles contraírem malária, receberão tratamento imediato", afirma Seder.
A inspiração para a nova vacina veio de testes dos anos 1970, quando cientistas conseguiram imunizar voluntários usando mosquitos submetidos a radiação.
A picada acabava por vacinar as pessoas. Cientistas acreditam que o esporozoíto enfraquecido ensina as células do sistema imune a identificar e matar células infectadas, detendo o plasmódio.

Câmara e Senado estudam conjunto de leis para ciência

São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação será votado em 90 dias

Texto compila leis já existentes e cria normas novas para as atividades de pesquisa desenvolvidas no país


SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

As atividades de ciência e tecnologia no Brasil podem ter, em menos de um ano, um conjunto próprio de leis. Isso vai acontecer se o novo Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que chegou à Câmara dos Deputados e ao Senado no final de agosto, for aprovado.
O texto compila leis atuais ligadas à pesquisa, relacionadas por exemplo à importação e compra de equipamentos, e cria regras novas. Dentre as principais mudanças está o processo de aquisição e contratação.
Pelo novo código, as ECTIs (Entidades de Ciência, Tecnologia e Inovação) terão normas próprias para as compras de material científico.
Na prática, isso significa que os cientistas terão mais liberdade para adquirir, sob justificativa, equipamentos mais caros ou importados.
Hoje, os pesquisadores são obrigados pela Lei de Licitações (Lei 8.666, de 1993) a optar pelo equipamento mais barato -que nem sempre atende suas necessidades.
"Outros países conseguem inovar mais ao usar aparelhos mais modernos", explica Breno Bezerra Rosa, que participou do grupo de trabalho para elaboração do código com outros cinco juristas.
"Nós tiramos o foco na economicidade. A Lei 8.666 trata empreiteiro e pesquisador do mesmo modo, como se comprar tijolos ou microscópios fosse a mesma coisa."
Outra mudança é que órgãos de controle só poderão contestar justificativas técnicas de cientistas se seus pareceristas tiverem pelo menos a mesma titulação.
Ou seja: técnicos não poderão mais contestar se um determinado produto desenvolvido por um pós-doutor é ou não uma inovação.

TRAMITAÇÃO
O novo código já foi incorporado pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). A votação deve acontecer em até 90 dias.
Simultaneamente, o código está na comissão que leva o mesmo nome no Senado, comandada pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM). A ideia é que Câmara e Senado aglutinem sugestões para que o processo seja encaminhado à presidente Dilma Rousseff para sanção. De acordo com Rosa, o projeto "foi muito bem recebido" e, inclusive, já há audiências marcadas com os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Aloisio Mercadante (Ciência, Tecnologia e Inovação).
O deputado Sibá Machado (PT-AC), relator da proposta, já levantou a possibilidade de o governo transformar o a proposta em Medida Provisória "dada a sua relevância".
"Os cientistas não podem ser penalizados com a legislação atual", disse a presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Helena Nader. Ela falou com a Folha durante a reunião anual da SBG (Sociedade Brasileira de Genética).
No mesmo evento, o presidente do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento), Glaucius Oliva, cobrou engajamento social. "Todo mundo deveria lotar as caixas de emails dos deputados pedindo a aprovação do novo código", disse.