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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Um manual feito para lidar com terroristas e epidemias
São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Circo de pulgas no verão
São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011
BICHOS VIVIEN LANDO Circo de pulgas no verão
ESTE VERÃO PAULISTANO parece ter exagerado no setor pragas. Outro dia, um senhor entrou indignado num pet shop à procura de inseticida antipulgas. Disse que já havia dedetizado o apartamento duas vezes e, como o cão tinha saído de férias, as pulgas estavam atacando sua família (elas dão preferência a seres com temperatura mais alta). São Paulo, em sua tradicional pluralidade, abriga tantas pulgas, carrapatos, piolhos etc. quanto qualquer cidade do interior ou do litoral. Aqui tem de tudo. Há poucos dias, a Folha noticiou que uma série de insetos inéditos acaba de se inserir na população local. Entre eles, as mamangavas, coisa que pude comprovar, quando flagrei meus gatos bem satisfeitos correndo atrás do besourão peçonhento no meio da sala. Ou seja, além dos lindos pássaros silvestres sem-floresta estarem a enfeitar os jardins da capital paulista, uma horda de imigrantes indesejáveis já se instalou. As pulgas, cuja população aparenta ter aumentado, são tortura pura para cães e gatos. Muitos são alérgicos à saliva que elas inoculam ao picar. Vários não toleram os produtos de proteção disponíveis no mercado. Pior: para cada dez delas encontradas no animal, existem umas 60 passeando pelo ambiente onde ele vive. Alternam-se entre sugar o sangue do bicho e colocar ovos no piso -ou mesmo na grama do jardim, descobri recentemente! Sobretudo as chamadas pulgas de gato, que são menores e pretinhas, essas se adaptam e reproduzem uma enormidade em qualquer lugar. As pulgas de cachorro são um pouco maiores, mais lentas e marrons. Mais fáceis de eliminar. Mas ambas parasitam qualquer uma das espécies, sem contar ratos e outros hospedeiros. Sei de gente que encheu a casa de sal para secar as larvas, imunes inclusive à desinsetização e capazes de permanecer hibernando por muito tempo. Outros optaram por cimentar o gramado, doar o pet, jogar creolina em todos os cantos, mudar de moradia. Enfim, um desespero. Parece que o que dá um fim nelas, temporário e relativo, é a chegada do frio. Só então talvez tenhamos tranquilidade para lembrar que pulgas, carrapatos, mamangavas e percevejos também são bichos. E fazem absoluta questão de participar da cadeia alimentar. |
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Dignidade para os nossos amigos
CORREIO BRAZILIENSE. Brasília, 27 de fevereiro de 2011 Bichos Cães diagnosticados com câncer não necessariamente precisam ser sacrificados. Hoje em dia, há tratamentos capazes de devolver-lhes a saúde ou de amenizar os sintomas da doença
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Bahia inicia uso de inseto transgênico contra dengue
São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Defensor de animais já afetou um em cada quatro cientistas
São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Maioria, porém, não alterou pesquisa, diz enquete da "Nature" GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO Cientistas estão assustados com as atitudes de alguns ativistas dos direitos animais, que deixaram de lado as manifestações pacíficas em frente aos laboratórios e partiram para depredações e até agressões físicas. Segundo levantamento on-line feito pela revista "Nature" com cerca de mil cientistas da área biomédica, um em cada quatro deles diz que já foi "afetado negativamente" por protestos contra o laboratório, vandalismo, "libertação" de cobaias e agressão física e verbal, ou conhece quem passou por isso. Desse grupo, apenas 15% disseram ter mudado alguma prática ou algum direcionamento de pesquisa por causa da ação dos ativistas. A grande maioria dos pesquisadores -mais de 90%- considera que o uso de modelos animais é essencial para o sucesso de seus estudos. Ainda assim, cerca de 16% afirmaram já ter tido sérias dúvidas sobre o papel dos animais nas pesquisas. Os cientistas que lidam com macacos são minoria entre os pesquisados (apenas 38), mas são os que se consideram mais afetados negativamente pelo ativismo, embora afirmem que têm padrões muito rígidos para seus experimentos. Embora a pesquisa indique que casos extremos são raros e não parecem estar se intensificando, alguns países estão fechando o cerco contra agressões praticadas por ativistas, inclusive criando legislação visando à punição desses crimes. Estados Unidos e Reino Unido já têm legislações específicas. Os americanos, aliás, são o grupo que mais acha que o ativismo animal cresceu. Os britânicos, por outro lado, dizem ter percebido uma redução. BRASIL "LIGHT" Para Marcelo Morales, presidente da comissão de ética com animais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Federação Latino-americana de Biofísica, os ativistas brasileiros não costumam ser agressivos. "Eles são radicais em suas opiniões, mas apresentam seus pontos de vista através do diálogo", diz. Segundo ele, episódios como o "banho de tinta" levado por uma pesquisadora em um evento na Unicamp, em 2008, são raros e isolados. |
Butantan terá prédio maior e mais seguro
São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Construção vai abrigar a coleção de répteis e anfíbios do instituto, quase toda destruída em incêndio em 2010 Para impedir uma nova tragédia, o projeto separou o acervo em 7 salas, cada uma com uma porta corta-fogo TALITA BEDINELLI JOSÉ BENEDITO DA SILVA DE SÃO PAULO Nove meses depois de um incêndio ter destruído a maior coleção de répteis e anfíbios do mundo, o Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou ontem o projeto de construção de um prédio maior para abrigar o acervo. O local será dotado de um moderno sistema de controle e prevenção de incêndios. Para evitar nova tragédia, o projeto da arquiteta Cecília Yoshikawa separou a coleção em sete salas, cada uma com uma porta corta-fogo. Assim, caso haja incêndio em uma das salas, o fogo dificilmente se espalhará. A central de detecção de incêndio será completa, afirma o instituto. Haverá sirene eletrônica, detector de fumaça, hidrantes com espuma, extintores portáteis e luminárias blindadas -que impedem a saída de faíscas. A área da coleção também terá gerador próprio, para evitar que, na falta de energia, o ar-condicionado pare de funcionar e as salas, com material volátil, esquentem. À época do acidente, uma das críticas feitas ao instituto, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, é que o local não tinha sistema antifogo, só extintores simples. O incêndio durou cerca de uma hora e destruiu principalmente a parte das serpentes, que eram armazenadas em formol, altamente volátil. PERDAS De acordo com o diretor do Butantan, Jorge Kalil, pelo menos dois terços das 85 mil serpentes foram perdidas. O prédio abrigava ainda uma coleção de 500 mil artrópodes (aranhas e escorpiões), que também foi parcialmente destruída, assim como parte dos 5.000 anfíbios (sapos, rãs e pererecas). Ainda não há um levantamento completo das perdas. O novo prédio terá 1.600 m2 -o antigo tinha 1.200 m2- e dois andares. O obra custará R$ 2,99 milhões e deve ser concluída em um ano. O espaço poderá abrigar entre 75 mil e 85 mil exemplares. Mas o Butantan ainda não sabe quanto tempo levará para repor o que foi perdido. A coleção foi construída ao longo dos 110 anos da instituição, festejados ontem. |
Dengue avança 49% em uma semana
Ribeirão Preto, Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2011
Ribeirão tem 481 novos casos da doença e o total de confirmações no ano chega a 1.465, ou 27 registros por dia Zona leste da cidade, com 565 confirmações, lidera o total de casos, sendo seguida pelas distritais oeste e norte
DE RIBEIRÃO PRETO Em apenas sete dias Ribeirão registrou 481 novos casos de dengue, o que elevou para 1.465 o total de confirmações da doença somente em 2011. Se comparado ao boletim anterior emitido pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Ribeirão, a alta no total de casos chega a 48,8% -eram 984 confirmações até o dia 16. De acordo com a chefe da Vigilância Epidemiológica, Ana Alice de Castro e Silva, o crescimento semanal no número de casos repete o quadro histórico dos últimos anos, quando a doença avançou até atingir o seu pico de transmissão, que geralmente ocorre em abril. Características desse período do ano, como chuvas e clima quente, também são propícias para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Por isso, a tendência é que o número de casos siga em alta enquanto ainda não chega o período de pico. "É possível quebrar essa cadeia mas, para isso, é preciso um trabalho intenso de eliminação dos criadouros. É o momento de cada um fazer sua parte", afirmou. Segundo o boletim divulgado ontem, a zona leste de Ribeirão Preto continua concentrando o maior número de registros da doença. São 565 casos confirmados, o que representa 38,5% do total da cidade no ano. Em segundo lugar, aparece a distrital oeste, com 280 confirmações, seguida pela região norte, com 274. Apesar de quase 500 novos casos terem sido confirmados em uma única semana, a prefeitura afirma que o total atual está bem abaixo do registrado no mesmo período do ano passado -em janeiro e fevereiro de 2010 foram 5.846 casos. Em 2010, Ribeirão teve a pior epidemia da doença na história, com 30.086 casos. Embora o total de casos seja inferior em 2011, uma morte já foi registrada. No último dia 28, a auxiliar de enfermagem Flávia Patrícia Quirino, 36, morreu e o resultado do exame feito pelo Instituto Adolfo Lutz foi positivo para a dengue. |
USP faz campanha contra os casos de abandono de animais
São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
CRISTINA MORENO DE CASTRO DE SÃO PAULO Quem entra na USP, no Butantã, na zona oeste de São Paulo, vê a imagem do olho de um cão e o alerta: "Abandono de animais é crime. Estamos de olho." Há dez anos, a universidade vem se empenhando para proteger os animais abandonados, desde que o programa USP Convive foi criado. Nesse período, a iniciativa conseguiu a adoção para cerca de 2.000 animais. Os outdoors "ameaçadores", instalados no ano passado, surtiram algum efeito: em vez de 30 cães abandonados no fim de ano, que é a época em que os casos mais ocorrem, foram cerca de dez. Mas o campus não para de receber os despejos, que são feitos por pessoas que levam os animais escondidos no porta-malas dos carros. "Já deixaram até coelhos, patos, galinhas, maritacas", afirma Elizabeth Rabóczkay, uma das voluntárias que trabalham no canil-destino dos cães abandonados. À medida que os animais são entregues para adoção -cerca de dez por mês- novos hóspedes recebem comida e são vacinados, castrados e vermifugados. Eles costumam ser abandonados quando já estão velhos ou doentes, e muitos morrem atropelados ou vitimados por tiros, venenos, esfaqueamentos e água quente jogada por vândalos. Quem se interessar em adotar um animal pode acessar o site Patinhas Online (www.patinhasonline.com.br), parceiro do programa, ou agendar uma visita ao canil por meio do telefone 0/xx/11/3091-4591. |
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Vacina antidengue pode chegar primeiro ao Brasil
Executivos da empresa Sanofi Pasteur vêm ao País em março para tentar fechar acordo com o governo federal que antecipe a distribuição do imunizante
O ESTADO DE SÃO PAULO, São Paulo, 22 de fevereiro de 2011
Jamil Chade
Noventa anos após iniciados os primeiros estudos, a vacina contra a dengue entra na fase final de preparação e o Brasil pode ser o primeiro país a recebê-la. Em março, executivos da empresa francesa Sanofi Pasteur desembarcarão em Brasília para propor ao governo federal um acordo para que o País tenha prioridade na distribuição do imunizante.
Hélvio Romero/AE
Agente da prefeitura identifica foco da dengue em SP
A corrida pelo Brasil não ocorre por acaso. Considerada uma vacina para atacar uma doença comum em países pobres, multinacionais buscam locais onde possam compensar seus investimentos. O Brasil, portanto, seria perfeito: no País a doença é endêmica e, ao contrário da África, possui recursos para a vacina.
Os testes da terceira fase do imunizante desenvolvido pela Sanofi serão iniciados neste ano, com 30 mil pessoas. O Brasil fará parte desses testes. Se a eficácia do produto for comprovada, o primeiro pedido de registro e autorização será feito em 2013. Para a Sanofi, a meta é a de ter o produto no mercado mundial já em 2015. "Caminhamos para o controle de mais uma doença. Para alguns países, isso será fundamental", afirmou o vice-presidente da Sanofi, Michael Watson.
Prazos menores. No caso do Brasil, a empresa quer negociar prazos menores para permitir que a vacina chegue à população. "O que vamos propor ao Brasil é que, se houver um compromisso político e um processo mais acelerado de aprovação, o produto poderá estar à disposição antes de 2015", disse Jean Lang, vice-presidente de pesquisa e chefe do programa de Dengue.
A Sanofi enfrenta um problema: o desenvolvimento de duas vacinas contra a dengue, uma por meio de uma parceria entre a multinacional GSK e a Fiocruz e outra, pelo Instituto Butantã. Por isso, a Sanofi quer propor que seu produto seja usado no Brasil enquanto o País não finalizar sua produção própria.
Segundo o Instituto Internacional de Vacinas, a Sanofi tem pelo menos quatro anos de avanço sobre os demais projetos.
Em um primeiro momento, nenhuma das empresas terá a capacidade de suprir todo o mercado. Em sua fábrica em Lyon, a Sanofi deve produzir 100 milhões de doses por ano - quantidade suficiente para vacinar apenas o Estado de São Paulo, já que cada pessoa precisa tomar três doses.
Fungos podem ser usados na prevenção da malária, diz pesquisa
Proposta é usar esporos flutuantes para matar as
larvas dos mosquitos antes que elas possam transmitir a doença
O ESTADO DE SÃ PAULO, São Paulo, 22 de fevereiro de 2011
Agência Fapesp
Um estudo que será publicado na revista Parasites and Vectors indica um método que usa fungos patogênicos como alternativa para prevenir a proliferação da malária. A proposta é usar esporos flutuantes para matar as larvas dos mosquitos antes que elas possam transmitir a doença.
James D. Gathany/Divulgação
A Organização Mundial de Saúde registra mais de 200 milhões de casos de malária a cada ano e a doença foi responsável por cerca de 780 mil mortes em todo o mundo em 2009. No Brasil, são cerca de 500 mil casos por ano. A malária é transmitida por mosquitos que procriam em corpos d’água e passam boa parte de seu estágio larval se alimentando de fungos e de outros microrganismos presentes na superfície da água.
O plasmódio, parasita que causa a malária, é transmitido para os humanos junto com a saliva do mosquito (geralmente do gênero Anopheles) durante a picada. No corpo humano, o parasita invade o fígado e atinge as hemácias.
Uma vez infectado, é difícil para o hospedeiro humano se recuperar porque algumas espécies de plasmódio são capazes de permanecer dormentes e evitar as drogas contra a malária. Esses parasitas também estão se tornando resistentes às drogas tomadas para evitar infecções.
De acordo com Tullu Bukhari e sua equipe do Laboratório de Entomologia da Universiidade Wageningen, na Holanda, um modo alternativo para reduzir o risco de infecção por malária é matar os mosquitos. Fungos, como as espécies M. anisopliae e B. bassiana, causam uma doença conhecida como muscardina nas larvas dos mosquitos, levando à morte dos insetos antes que eles se desenvolvam até o estágio adulto.
Os cientistas empregaram um óleo sintético como base para dispersar esporos fúngicos na superfície da água. Segundo eles, o óleo melhora a dispersão de esporos e o preparo aumenta tanto a persistência como a eficácia dos esporos. Nos testes feitos pelo grupo, no Quênia, houve morte de 50% mais larvas do que com esporos sem óleo e uma redução de 20% nos estágios de desenvolvimento dos mosquitos.
Pesquisa testa vacina contra a dengue produzida a partir de feijão
ão Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011
DE FORTALEZA - A Uece (Universidade Estadual do Ceará) está desenvolvendo o que pode vir a ser a primeira vacina de origem vegetal contra a dengue. O imunizador, que deverá ser testado em humanos nos próximos meses, já se mostrou eficaz em camundongos, que conseguiram produzir anticorpos contra a doença. O feijão-de-corda (Vigna unguiculata) ou feijão-fradinho -utilizado no preparo do acarajé baiano- serviu de base para a produção da vacina. Os cientistas conseguiram o feito com a inserção de genes do vírus na planta. Entre as vantagens da vacina vegetal estão o baixo custo de produção (já que uma única planta pode gerar até 50 doses) e a redução do risco de reações alérgicas. ""O custo de prevenção pode ser menor que o de tratamento", avalia a bioquímica responsável pela pesquisa, Isabel Florindo Guedes. Mesmo antes dos testes em humanos, o Núcleo de Inovação Tecnológica da universidade cearense já trabalha na transferência da tecnologia da vacina para o mercado. A dengue matou 1.167 pessoas em 2010 na América Latina, onde foram registrados 1,8 milhões de casos, segundo dados da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde). |
Manaus tem surto de "primo" da dengue
São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011
Vírus semelhante provoca febre alta e dores fortes nas articulações e pode se espalhar pelo país com o "Aedes" Epidemia saiu das áreas ribeirinhas amazônicas, espalhou-se pela capital e preocupa pelo risco de adaptação às cidades JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO O mayaro, um vírus semelhante ao da dengue e ao do chikungunya, que provoca febre alta e dores fortes nas articulações, saiu do isolamento de áreas ribeirinhas amazônicas e já causou uma epidemia em Manaus. E existe risco real de que ele se espalhe para o país e se adapte ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, já bem adaptado ao ambiente urbano. Essas são as principais conclusões de uma pesquisa do infectologista Luiz Tadeu Moraes de Figueiredo, coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia da USP de Ribeirão Preto, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical do Amazonas. O estudo deve ser publicado ainda neste ano, segundo o pesquisador, na "Vector Borne and Zoonotic Disease", uma das principais revistas sobre doenças transmitidas por vetores, da Universidade do Texas (EUA). A pesquisa analisou 600 amostras de sangue de moradores de Manaus que estavam com febre alta. Em 33 casos, foi constatada a presença do vírus mayaro -o que caracteriza a epidemia, segundo Figueiredo. Quatro pacientes tiveram hemorragia leve. "Isso nunca havia sido descrito até hoje no mayaro", disse. SAINDO DA SELVA No Brasil, circulam 210 tipos diferentes de arbovírus, que são aqueles transmitidos por mosquitos e outros artrópodes. O mayaro é o quarto em número de infectados, depois da dengue, da febre amarela e do oropouche (também na região amazônica), de acordo com o Instituto Evandro Chagas, do Pará. Seu primeiro registro foi em 1955, numa epidemia no Pará. Até hoje, foram notificados mil casos, nunca antes em regiões metropolitanas. Neste ano, o mayaro foi incluído pelo Ministério da Saúde na lista de doenças de notificação compulsória -aquelas que devem ser comunicadas obrigatoriamente diante de suspeitas. Apesar de não haver registro de mortes por mayaro, os sintomas em alguns casos provocam mais sofrimentos do que no doente de dengue. ALCANCE DOENÇA AINDA ESTÁ RESTRITA, DIZ MINISTÉRIO O Ministério da Saúde disse que, por enquanto, os casos de mayaro continuam restritos à região amazônica e que não vê um risco de que ele se espalhe pelo país. Segundo o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovaninni Coelho, a doença ainda é específica e não tem registro de mortes. Em São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz não tem registros de mayaro, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. |
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
O saneamento e a dengue
O ESTADO DE SÃO PAULO, São Paulo, 17 de fevereiro de 2011. Opinião.
A relação entre falta de abastecimento de água e alta ocorrência de casos de dengue no Brasil foi comprovada pelo último Levantamento Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2010, um mapeamento realizado pelo Ministério da Saúde para identificar regiões em que é maior a presença do mosquito. Sem água nas torneiras ou submetidos a rodízios frequentes no abastecimento, moradores de várias regiões do País apelam para o estoque de água - em caixas ou outros sistemas improvisados e sem segurança.
No Nordeste, por exemplo, 72% dos focos de mosquito encontrados estavam em depósitos de água; no Norte, 48% dos criadouros encontravam-se em tonéis, tambores e poços. Os antigos focos - vasos, lajes, piscinas, pneus, entre outros - aparecem bem pouco nas estatísticas. No Norte, apenas 22,6% dos criadouros estavam nesses pontos.
Tão importante quanto as campanhas de conscientização e a vigilância nos focos de mosquito é, portanto, investir em obras de saneamento, e em ritmo acelerado. Embora haja recursos disponíveis, isso não tem ocorrido. A falta de projetos de qualidade impede que Estados e municípios se habilitem a receber verbas federais que poderiam financiar obras de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo da água das chuvas, coleta e destinação de resíduos sólidos, além da preservação dos mananciais. Em 2010, pelo menos R$ 900 milhões deixaram de ser distribuídos pelo Ministério das Cidades. Do total de R$ 4,6 bilhões, R$ 3,7 bilhões foram contratados por meio do Programa Saneamento Para Todos, incluído no PAC.
Nenhum centavo deveria ser desprezado, pois em 16 Estados é alto o risco de surto de dengue, conforme o Ministério da Saúde: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. Em São Paulo, o risco é considerado moderado. Mas representantes do Ministério afirmam que a alocação de recursos esbarra na pouca capacidade de endividamento das companhias estaduais de abastecimento e nas falhas graves dos projetos apresentados. Em 2011, o programa colocará à disposição de prefeituras e governos estaduais R$ 4,8 bilhões para obras de saneamento, recursos que, na maior parte, vêm das contas do FGTS.
Há dias, em entrevista à Rádio Nacional, o superintendente executivo da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais, Walder Suriani, explicou que o principal entrave para o setor é a burocracia. Segundo ele, é antiga a luta das estatais para que a União torne mais ágil a concessão dos financiamentos para obras de saneamento. Simplificar as exigências não significa abolir as garantias para que o dinheiro público seja bem aplicado. Significa adotar o ritmo de que o País precisa para resolver os problemas de saneamento que tanto afetam a saúde pública.
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Trata Brasil reúne estudos que avaliam o esforço necessário para universalizar os serviços de água e esgoto no Brasil. Ela estima que são necessários investimentos de R$ 270 bilhões nesse setor nos próximos anos. Somadas as suas duas fases já apresentadas, o PAC prevê um total de R$ 85 bilhões em recursos para o saneamento. Embora ainda fique aquém do necessário, o esforço do governo federal deve ser reconhecido. Nas últimas décadas, o maior investimento realizado em saneamento atingiu R$ 3 bilhões por ano. Hoje, o total de recursos destinados a esse fim é mais do que o triplo. Mas é preciso que tanto as empresas de saneamento quanto o governo federal encontrem o melhor caminho para fazer uso dessas verbas.
Em janeiro, foram registrados mais de 26 mil casos de dengue em todo o País, sendo 10 mil deles na Região Norte. No ano passado, 1 milhão de brasileiros sofreram com a doença. Este quadro não deixa dúvida de que é urgente assegurar o acesso aos recursos, reduzindo a burocracia e garantindo apoio a quem tem a competência técnica para elaborar e executar bons projetos de saneamento.
A relação entre falta de abastecimento de água e alta ocorrência de casos de dengue no Brasil foi comprovada pelo último Levantamento Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2010, um mapeamento realizado pelo Ministério da Saúde para identificar regiões em que é maior a presença do mosquito. Sem água nas torneiras ou submetidos a rodízios frequentes no abastecimento, moradores de várias regiões do País apelam para o estoque de água - em caixas ou outros sistemas improvisados e sem segurança.
No Nordeste, por exemplo, 72% dos focos de mosquito encontrados estavam em depósitos de água; no Norte, 48% dos criadouros encontravam-se em tonéis, tambores e poços. Os antigos focos - vasos, lajes, piscinas, pneus, entre outros - aparecem bem pouco nas estatísticas. No Norte, apenas 22,6% dos criadouros estavam nesses pontos.
Tão importante quanto as campanhas de conscientização e a vigilância nos focos de mosquito é, portanto, investir em obras de saneamento, e em ritmo acelerado. Embora haja recursos disponíveis, isso não tem ocorrido. A falta de projetos de qualidade impede que Estados e municípios se habilitem a receber verbas federais que poderiam financiar obras de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo da água das chuvas, coleta e destinação de resíduos sólidos, além da preservação dos mananciais. Em 2010, pelo menos R$ 900 milhões deixaram de ser distribuídos pelo Ministério das Cidades. Do total de R$ 4,6 bilhões, R$ 3,7 bilhões foram contratados por meio do Programa Saneamento Para Todos, incluído no PAC.
Nenhum centavo deveria ser desprezado, pois em 16 Estados é alto o risco de surto de dengue, conforme o Ministério da Saúde: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. Em São Paulo, o risco é considerado moderado. Mas representantes do Ministério afirmam que a alocação de recursos esbarra na pouca capacidade de endividamento das companhias estaduais de abastecimento e nas falhas graves dos projetos apresentados. Em 2011, o programa colocará à disposição de prefeituras e governos estaduais R$ 4,8 bilhões para obras de saneamento, recursos que, na maior parte, vêm das contas do FGTS.
Há dias, em entrevista à Rádio Nacional, o superintendente executivo da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais, Walder Suriani, explicou que o principal entrave para o setor é a burocracia. Segundo ele, é antiga a luta das estatais para que a União torne mais ágil a concessão dos financiamentos para obras de saneamento. Simplificar as exigências não significa abolir as garantias para que o dinheiro público seja bem aplicado. Significa adotar o ritmo de que o País precisa para resolver os problemas de saneamento que tanto afetam a saúde pública.
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Trata Brasil reúne estudos que avaliam o esforço necessário para universalizar os serviços de água e esgoto no Brasil. Ela estima que são necessários investimentos de R$ 270 bilhões nesse setor nos próximos anos. Somadas as suas duas fases já apresentadas, o PAC prevê um total de R$ 85 bilhões em recursos para o saneamento. Embora ainda fique aquém do necessário, o esforço do governo federal deve ser reconhecido. Nas últimas décadas, o maior investimento realizado em saneamento atingiu R$ 3 bilhões por ano. Hoje, o total de recursos destinados a esse fim é mais do que o triplo. Mas é preciso que tanto as empresas de saneamento quanto o governo federal encontrem o melhor caminho para fazer uso dessas verbas.
Em janeiro, foram registrados mais de 26 mil casos de dengue em todo o País, sendo 10 mil deles na Região Norte. No ano passado, 1 milhão de brasileiros sofreram com a doença. Este quadro não deixa dúvida de que é urgente assegurar o acesso aos recursos, reduzindo a burocracia e garantindo apoio a quem tem a competência técnica para elaborar e executar bons projetos de saneamento.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Guerra (limpa) aos insetos
São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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EMPÓRIO Nutrição, receitas, escolhas saudáveis EM CASA Esses insetos que se multiplicam nas nossas casas, especialmente no verão, são inofensivos. Mas os venenos para combatê-los, não. Antes de passar para a artilharia pesada, tente espantar os hóspedes indesejados com soluções naturais, que não ameaçam a saúde das crianças ou dos animais domésticos. O entomologista Carlos Alberto Brandão lembra que alguns insetos até ajudam a manter outros longe. As formiguinhas, comuns em apartamentos, ajudam controlar as baratas, porque comem seus ovos. Pernilongos O cheiro da casca da laranja, do cravo, do limão, do manjericão e da citronela espanta os pernilongos. Para fazer um repelente, misture 100 gramas de folhas de manjericão, 100 gramas de citronela e um litro de álcool no liquidificador. Bata tudo, coe e coloque em um recipiente vedado. Uma vez por dia, pulverize o ambiente. No lugar daqueles refis em pastilha dos aparelhos elétricos contra insetos, experimente usar um pedaço de casca da laranja ou de limão-siciliano. Para fazer um repelente corporal, mergulhe um pacote de cravos no álcool por 30 dias. Depois, coe a mistura e junte 50 ml de óleo de amêndoas. Pode passar na pele, que é bom. Outra opção é misturar 200 ml de óleo mineral com 30 ml de óleo de andiroba e 30 ml de óleo de citronela -à venda em lojas de produtos naturais Traças Para exterminar traças e seus ovos de livros e pequenos objetos coloque-os dentro do freezer, em sacos plásticos vedados, por dois dias. Sachês com folhas secas de lavanda, pimenta caiena, casca de cedro ou sálvia também espantam traças. Passar óleo de lavanda nas superfícies onde ficam os livros também ajuda a manter as bichas longe dos armários Carunchos Os carunchos conseguem entrar em caixas de cereais e pacotes. Uma forma de evitar que isso aconteça é armazenar os alimentos que são alvo desse bichinho ( arroz, trigo e feijão) com algumas folhas secas de louro. Uma medida preventiva é colocar os pacotes recém-comprados dentro do congelador por dois dias. Isso vai matar ovos que possam já estar dentro da embalagem Formigas Cheiro de cravo, limão-siciliano e louro tem bons resultados para espantar formigas. Outro aroma do qual elas não gostam é o do vinagre branco. Misture o vinagre em partes iguais com água e pulverize no caminho das formigas. Para evitar ataques à comida dos animais de estimação, ponha a tigela em uma bandeja com água. Para que elas não subam até as folhas da sua árvore, envolva o tronco com fita adesiva dupla face até a altura de 7 cm Baratas Armadilha atóxica: besunte vaselina sólida nas paredes internas de um vidro. Dentro, coloque dois dedos de cerveja, pedaços de frutas e gotas de extrato de amêndoa. As baratas vão ficar presas no vidro. Depois, jogue água fervendo e despeje na privada. Outras opções: misture açúcar e bicarbonato de sódio (que mata os bichos) e espalhe em vasilhas pela casa; ou pingue óleo essencial de alecrim e eucalipto em algodão e distribua nos cômodos |
Médicos acham casos "silenciosos" de dengue
Ribeirão Preto, Terça-feira, 15 de Fevereiro de 2011
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Pacientes com febre baixa ou dor fraca também podem ter a doença População tende a registrar casos mais graves por causa da reintrodução do vírus tipo 1, diz especialista JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO Febre alta, forte dores nas articulações e vômito são sinais claros de dengue. Mas médicos de Ribeirão Preto estão se deparando também com pacientes com sintomas mais leves, e que se confirmam vítimas da doença. As manifestações clínicas da dengue em algumas pessoas mostram-se diferentes das habituais, segundo o diretor-clínico da unidade de emergência Unimed 24 Horas, Roberto Nakao. "Temos encontrado paciente sem febre, sem dor e que está com dengue. Ou então ele só chega com uma pequena dor muscular, sem febre ou vômito, e que depois de investigarmos confirmamos que era dengue." A Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto diz não ter um levantamento estatístico para saber se há ou não um aumento de casos não tradicionais de sintomas. Segundo o médico epidemiologista do órgão Cláudio Souza de Paula, a alteração de sintomas é característico na evolução da doença. "Isso é esperado para a dengue. Na medida em que a doença sensibiliza as pessoas, há a tendência de aparecerem formas mais raras." O mais comum é a manifestação de sintomas combinados, como a febre persistente, dor nos olhos, nos músculos e nas articulações, mas acontece de pacientes só apresentarem um deles, e com menor intensidade. Para alertar sobre as mudanças da doença, a secretaria tem pedido que médicos de hospitais públicos e particulares redobrem a atenção com a doença. Uma reunião deve ser marcada ainda neste mês pela vigilância. Segundo o epidemiologista Roberto Medronho, da UFRJ, a dengue é uma doença complexa que pode reunir uma variação do sintomas ou até não ter sintoma nenhum. O mais comum atualmente, de acordo com o especialista, é a evolução para casos mais graves. Uma das razões é a reintrodução do vírus tipo 1, ao qual as pessoas estão mais suscetíveis. SERTÃOZINHO Com 61 casos positivos, a Secretaria da Saúde de Sertãozinho deve contratar mais 30 agentes para ajuda no combate à dengue. A proposta, segundo o coordenador do Núcleo de Controle de Vetores, Ademar Prudente Correa, é que eles atuem orientando a população sobre a doença. A cidade já tem 62 agentes para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti. Sertãozinho, vizinha de Ribeirão, teme uma epidemia -em 2010, a cidade teve 497 casos. |
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Brasil se arma contra doenças na Copa
CORREIO BRAZILIENSE, Brasília-DF, 14 de fevereiro de 2011
Ministério da Saúde antecipa ações de prevenção direcionadas ao Mundial de 2014 e ativa Laboratórios Nível de Biossegurança 3 nos estados para barrar epidemias graves
Laura Valente |
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A Sudeco e a região solução
CORREIO BRAZILIENSE, Brasília-DF, 14 de fevereiro de 2011
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Projeto cria grande centro de ciência fora do eixo Rio-SP
São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011
Complexo idealizado por neurocientista no RN, que abrange de medicina a astronomia, tem apoio federal Ministério da Ciência e Tecnologia, porém, terá corte de verba; cientista reclama da ausência do governo local
GIULIANA MIRANDA SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO Um ambicioso projeto, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, pretende transformar o Rio Grande do Norte em um dos maiores polos científicos nacionais. Seria o maior complexo tecnocientífico fora do eixo Rio-SP: um parque tecnológico de ponta, com estudos avançados de neurociência, incluindo também centros de educação básica e de estudos de astronomia. Além desses novos espaços, o projeto vai integrar também iniciativas que já existem ou que estão em fase de construção na região metropolitana de Natal. O projeto está em fase de finalização dos detalhes e captação de recursos. "Vamos trazer ao Brasil grandes pesquisadores internacionais para pensar projetos de futuro com mais liberdade e olhando lá na frente", disse à Folha o ministro Aloizio Mercadante. O idealizador do complexo é o cientista brasileiro Miguel Nicolelis, chefe do departamento de neurociência da Universidade Duke (EUA). Ele também participou da concepção de dois projetos que já estão funcionando no Estado: o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, com estudos de ponta na área, e duas escolas de educação científica para estudantes da rede pública. "A escolha do Rio Grande do Norte não foi à toa. Queremos desenvolver uma região que normalmente não tem oportunidade. É uma chance incrível para desenvolver tanto economia quanto ciência, cultura e educação", afirmou Nicolelis. Boa parte do complexo ficará em um terreno doado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que ficou conhecido como "Campus do Cérebro". Lá, já funciona um centro de saúde que, no ano passado, fez mais de 15 mil atendimentos às mulheres da região. Uma escola de ensino integral, com investimento de R$ 15 milhões, está em construção e deve ser inaugurada no ano que vem. OBSTÁCULOS Apesar de vários parceiros já terem demonstrado interesse, o financiamento para as obras do complexo, que deve custar R$ 2 bilhões, ainda não existe. O MCT, que manifestou interesse em contribuir e atrair recursos, sofreu recentemente redução de cerca de 15% de seu orçamento. No corte de gastos gerais de R$ 50 bilhões feito pela presidente Dilma Rousseff na semana passada, houve outra redução, superior a R$ 1 bilhão, nesse ministério. Além da questão financeira, o projeto também vai ter de enfrentar a falta de infraestrutura na região. Até hoje, parte do acesso ao Instituto Internacional de Neurociências não é asfaltada. Pesquisadores e autoridades por vezes precisam eventualmente enfiar o pé na lama para chegar até lá. Nicolelis cobra enfaticamente mais ações do poder público local para resolver a questão, inclusive através de sua conta no Twitter. "Entra e sai político e é tudo continua igual", diz. Apesar disso, ele se diz confiante que o complexo irá conseguir apoio público integral. O interesse internacional, por outro lado, já chegou. Uma matéria na revista "Science", em dezembro do ano passado, abordou o projeto e destacou a iniciativa de tirar o foco científico exclusivamente do eixo Rio-SP. "Depois da matéria, fui procurando por várias instituições internacionais que querem de alguma forma investir aqui", diz Nicolelis. "É a prova de que é possível, sim, fazer ciência de alto nível e com inclusão social no Brasil", completa. Centro já tem computador de US$ 20 mi DE SÃO PAULO O futuro Instituto de Estudos Avançados do Cérebro Alberto Santos Dumont é a maior aposta do complexo do Rio Grande do Norte. "O objetivo é fazer no Nordeste as pesquisas de ponta que nós já fazemos nos Estados Unidos e na Europa e ainda ir além", diz o neurocientista Miguel Nicolelis, idealizador do projeto. O local é concebido para permitir análises em tempo real de grandes dados da atividade do cérebro. Algo que demanda investimentos altíssimos em equipamento. Embora o instituto ainda esteja no papel, o seu supercomputador já está garantido. A Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, doou uma máquina com capacidade de processamento de 46 trilhões de operações por segundo. O equipamento, que custou US$ 20 milhões (cerca de R$ 34 milhões) e pesa oito toneladas, já está no Rio Grande do Norte, à espera do início das atividades. CÉREBRO-MÁQUINA Nicolelis pretende usar o supercomputador para avançar em seus estudos sobre as interações cérebro-máquina. O neurocientista é referência na área e já conseguiu fazer com que macacos controlassem um braço robô, além de outros dispositivos, usando a força da mente. No Brasil, os estudos envolverão humanos, que participarão de um monitoramento indolor. As pessoas se acomodarão em um dispositivo, parecido com os antigos secadores de cabelo dos salões de beleza, e controlarão um ambiente de realidade virtual apenas com seus pensamentos. No plano virtual, poderão mexer em tudo. Ao mesmo tempo, suas atividades serão recolhidas e processadas em tempo real pelo supercomputador. "A quantidade de informação gerada será incrível. Acredito que teremos excelentes resultados", diz Nicolelis. (GM e SR) |
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