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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Dengue 4 ronda o DF

Correio Braziliense-DF, 28 de novembro de 2011, Visão do Correio, p. 10.
 
A época da chuva constitui fator de preocupação no Distrito Federal. O Aedes aegypti responde pelo desassossego. Transmissor da dengue, o mosquito encontra terreno fértil na capital. De novembro a dezembro de 2010, a Secretaria de Saúde registrou 12.421 casos. Nos 11 primeiros meses de 2011, 1.457. Este ano, notícia da chegada do sorotipo 4 do transmissor aos arredores do DF traz apreensão adicional. Não se pergunta se ele atravessará o limite de Goiás. Pergunta-se quando o fará.

Duas pessoas notificaram a contaminação pelo vírus. Uma em Aparecida de Goiânia e outra em Goiânia. O hospedeiro circula há quase 30 anos no território nacional. Em 1982 apareceu pela primeira vez em Boa Vista, capital de Rondônia. Em 2010, voltou ao mesmo local. A livre circulação de pessoas e cargas facilitou a disseminação do inseto. Mas só agora ele ronda perigosamente nossas cidades.

Áreas nobres ou menos privilegiadas contribuem igualmente para o aumento do risco. Basta oferecer condições capazes de transformar residências em criadouros. Hábitos inocentes tornam-se arma apontada contra a população. Água acumulada em vasos de flores, reservatórios destampados de prédios, canaletas de escoamento de água, piscinas descobertas, cascatas e laguinhos decorativos — tudo pode se transformar em ambiente acolhedor para o Aedes aegypti.

Não só. O lixo moderno faz gol contra a população. Garrafas, tampas, pneus, brinquedos, lixeiras, embalagens, sacos plásticos, casca de ovo, cacos de vidro, restos de móveis, copos, colheres e pratos descartáveis abrigam água e podem, se não forem recolhidos em tempo hábil, tornar-se foco do inseto que não poupa ricos ou pobres, adultos ou crianças, poderosos ou desvalidos.

Talvez em nenhuma outra situação a solidariedade seja tão necessária. Ninguém pode impedir a chegada do Aedes aegypti ao Distrito Federal. Mas todos podem — e devem — evitar que o inseto encontre ambiente propício para se reproduzir. Impõe-se orientar a população e fiscalizar possíveis focos do inseto transmissor.

Campanhas educativas que atinjam todos os públicos precisam ser intensificadas. A visita dos agentes de Vigilância Ambiental tem de abranger o maior número possível de residências. A mobilização de igrejas, escolas, clubes de serviços, redes de relacionamentos, meios de comunicação de massa constitui passo importante que não pode esperar. O mosquito voa.

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