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domingo, 16 de outubro de 2011

Após o surto de 2010, governo antecipa trabalho de prevenção à dengue


A chegada da chuva é bem recebida após longos 107 dias de intensa seca no Distrito Federal. A estação, no entanto, traz o perigo do aumento de incidência da dengue. O mosquito vetor da doença, o Aedes aegypti, deposita os ovos em água limpa e parada, situação recorrente em períodos chuvosos. Entre janeiro e agosto deste ano, a Secretaria de Saúde já confirmou 1.359 casos de dengue, um aumento de mais de 238% em relação a 2009 — 2010 não serve para comparação, já que houve um surto da doença (veja Quadro). A cidade em que o panorama preocupa mais é Planaltina, com 773 registros e 114 infecções confirmadas. Até o fim da semana, sai um novo boletim contabilizando as notificações do mês de setembro.

Para evitar a escalada no número de infectados e tentar minimizar as chances de epidemia nos meses com maior precipitação pluviométrica, a coordenação do Programa de Prevenção e Controle da Dengue organiza, entre 17 e 25 de outubro, mais uma semana de ações intensivas e educativas nas cidades mais vulneráveis à proliferação de casos. As atividades englobam mutirões de limpeza, recolhimento de objetos que são criadouros em potencial, além de inspeção das casas de regiões mais afetadas. Além de voluntários, haverá a volta dos agentes de saúde, que ficaram em greve por 11 dias até aceitarem a proposta do governo na última sexta-feira.

A prevenção começou mais cedo do que o usual, em 20 de setembro — o trabalho costuma ter início na segunda quinzena de outubro —, e durará até maio. O coordenador do programa, Ailton da Silva, explica que a sociedade tem papel fundamental no trabalho de prevenção e combate aos focos de reprodução dos mosquitos. “Prevenir a dengue é uma questão de solidariedade, sentimento que precisa imperar. É um mosquito democrático, não respeita classe social. Por isso, estado e sociedade devem se unir para combater a doença”, defende. Segundo ele, pesquisas constatam que 80% dos focos são identificados em residências.
Mesmo com pneus à mostra na porta da loja na Estrutural, o borracheiro Antônio garante se precaver (Fotos: Breno Fortes/CB/D.A Press)
Mesmo com pneus à mostra na porta da loja na Estrutural, o borracheiro Antônio garante se precaver


Além de Planaltina e Samambaia, onde estão concentrados 155 dos 855 casos confirmados no DF, cidades com menor infraestrutura sanitária, como Itapoã e Estrutural, merecem atenção especial, já que houve aumento no número de pessoas contaminadas. Na Estrutural, por exemplo, o avanço da dengue ultrapassa 240%. Em 2009, eram 39 registros. Neste ano, há suspeitas de contaminação entre 133 moradores. A doença é bem conhecida pela dona de casa Marlene dos Santos Fonseca, 28 anos, moradora da cidade. O marido dela foi contaminado há cerca de seis meses.

Com os dois filhos, João Paulo, 7 anos, e Paulo Henrique, 3, ela mora no andar de cima do bar da família. A Vigilância Ambiental costuma passar por lá para vistoriar as instalações e identificar possíveis focos de dengue. Marlene afirma que as garrafas são completamente esvaziadas antes de voltar para o engradado e o local onde elas são armazenadas é coberto e sem risco de ser afetado pelas chuvas. Ela acredita, no entanto, que é preciso um esforço coletivo na cidade para minimizar as chances de proliferação do mosquito transmissor. “Se só eu cuidar, não adianta. Tem de haver a colaboração de todo mundo”, alerta. João Paulo, por sua vez, cobra dos pais o que aprende na escola. “Tem que tirar pneu velho e deixar as vasilhas viradas para baixo”, ensina o menino.

A borracharia de Antônio Lima, 31 anos, tem grande potencial para a proliferação do Aedes aegipty. Há pilhas de pneus, ferro velho e vasilhas de água espalhados. Ainda assim, Lima garante ser o mais cuidadoso possível. Ele jura retirar os pneus da rua quando chove e esvaziar os reservatórios de água todos os dias após o expediente. Lima mora no mesmo terreno da oficina e nunca teve dengue. Para ele, no entanto, apesar das visitas da vigilância, seria melhor ter mais esclarecimentos. “Falta um pouco de informação de como prevenir”, afirma.

Cidades mais vulneráveis

Planaltina     773 notificados     114 confirmados

Samambaia    733 notificados    141 confirmados

Ceilândia     376 notificados    39 confirmados

Santa Maria    357 notificados    13 confirmados

São Sebastião     247 notificados    52 confirmados

Sobradinho 2     169 notificados    56 confirmados

Balanço
Casos até:    Ago/    Ago/    Ago/  Variação(%)  Variação (%)

    2009    2010    2011    9/11    10/11
Notificados  1.514  19.465  5.521  264,7  -71,6

Confirmados  402  12.397  1.359  238,1    -89


Ariadne Sakkis

Correio Braziliense. Brasília-DF,  04 de outubro de 2010. Cidades.

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