Estudo
sobre 1.600 cidades de 91 países constata que apenas 12% da população total
destes complexos urbanos respiram ar conforme as normas da OMS
Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2014/05/07>. Acesso em: 12 maio 2014
07/05/2014
Genebra-
A qualidade do ar nas grandes cidades do mundo continua a se deteriorar, o que
representa um sério risco à saúde das pessoas, alertou nesta quarta-feira (7/5)
um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O estudo sobre 1.600 cidades de 91 países constata que apenas 12% da população
total destes complexos urbanos respiram ar conforme as normas da OMS. "No
geral, infelizmente, a situação da poluição do ar tem piorado", observa
Maria Neira, diretora de Saúde Pública da OMS em Genebra.
As cidades mais afetadas por esta degradação estão em países em
desenvolvimento, enquanto que as cidades de países ricos registraram uma
melhora na qualidade de seu ar. "Muitos centros urbanos estão atualmente
tão envolvidos em ar sujo que a silhueta de seus edifícios é invisível",
lamentou Flavia Bustreo, diretora-geral adjunta da OMS, destacando o perigo
deste ar para a saúde.
Em seu relatório anterior, publicado em março, a OMS havia considerado que a
poluição de partículas finas deve-se principalmente à queima de carvão e aos
motores a diesel dos veículos, que contribuiu para a morte de 3,7 milhões de
pessoas em todo o mundo em 2012.
"A poluição do ar afeta seriamente a saúde, a situação é realmente
dramática", declarou a jornalistas Neira. Essa poluição está associada com
mortes por problemas cardíacos, doenças respiratórias e câncer de pulmão.
Metade da população urbana mundial respira um ar em que os níveis de
contaminação por partículas são pelo menos 2,5 vezes superiores ao considerado
seguro.
Bogotá
e Copenhague
As partículas em suspensão (PM) menores que 10 mícrons - 10 milionésimos do
metro - podem passar às vias aéreas e provocar problemas respiratórios,
enquanto as menores, de 2,5 mícrons, podem inclusive penetrar na corrente
sanguínea.
O nível recomendado de partículas finas de 10 mícrons (PM10) é de 20
microgramas por metro cúbico, mas em Rawalpindi, no Paquistão, esta quantidade
é 20 vezes superior e em Nova Délhi, na Índia, 28 vezes superior.
As
partículas menores, PM2,5 (2,5 mícrons) são encontradas em concentrações dez
vezes maiores do que o considerado suportável (10 microgramas por metro cúbico)
na cidade paquistanesa e 15 vezes na capital indiana.
Neira destacou, no entanto, que a base de dados, elaborada principalmente com
informações compiladas pelas próprias cidades, não pretende fazer uma
classificação das cidades mais contaminadas do mundo. "Algumas das piores
(...) não compilam dados regularmente", destacou.
Contudo, a OMS elogiou o efeito positivo que podem ter as políticas locais
precisas sobre a qualidade do ar e deu o exemplo de Bogotá, na Colômbia, e
Copenhague, na Dinamarca, onde a qualidade melhorou ao se favorecer do uso de
transportes de massa e de bicicletas.
"Não podemos comprar garrafas de ar limpo, mas as cidades podem adotar
medidas para melhorar a qualidade do ar e salvar a vida de seus
moradores", ressaltou Carlos Dora, do Departamento de Saúde Pública da
OMS.
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