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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Estado registra recorde de casos de dengue

FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011


Estado registra recorde de casos de dengue

Foram 189 mil notificações em 2010, quase 20 vezes o número verificado em 2009

HÉLIA ARAUJO
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

São Paulo confirmou 189 mil casos de dengue em 2010 -o maior número da história do Estado. O número é quase 20 vezes maior que o registrado em 2009, quando 9.665 pessoas ficaram doentes.
Curiosamente, os dados são menores que os preliminares divulgados pelo Ministério da Saúde, que confirma 208 mil casos no Estado em 2010 e 12 mil no ano anterior.
Os dois órgãos afirmam que fazem revisão dos casos e, portanto, os números ainda podem aumentar ou reduzir posteriormente.
Segundo a Secretaria do Estado da Saúde, o aumento ocorreu pela alta incidência de chuvas em 2010, em conjunto com as temperaturas elevadas, situação propícia à proliferação do mosquito transmissor da doença.
Ainda de acordo com o Estado, 50 dos 645 municípios paulistas responderam por cerca de 80% dos casos de dengue. O principal deles foi Ribeirão Preto, que registrou 30.086 casos em 2010.
Na opinião de especialistas ouvidos pela Folha, além de falhas das prefeituras no controle de criadouros, o número maior de mosquitos - que se multiplicaram com as chuvas de 2009- e a volta da circulação do sorotipo 1 no ano passado explicam a alta.
Depois de os sorotipos 2 e 3 circularem em outros anos, o retorno do 1 encontrou uma população suscetível.
O médico epidemiológico Jarbas Barbosa, Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, afirma que a situação pode ser ainda mais crítica, já que para cada caso confirmado outros cinco podem não ter sintomas.
O secretário do ministério afirma que o grande "vilão" de 2010 foi o sorotipo 1, que não se manifestava havia pelo menos 15 anos.

CAPITAL
 
PREFEITURA OMITE DADOS DESTE ANO

A Prefeitura de São Paulo é a única das nove cidades paulistas listadas pelo Ministério da Saúde com risco moderado de dengue que não informou à Folha os números da doença em 2011. Mesmo com pedidos feitos por telefone e por e-mail desde a semana passada, a assessoria de imprensa do órgão não repassou nem sequer os números parciais. Disse apenas que o levantamento está sendo fechado.


Mais mosquitos e volta do tipo 1 explicam alta

DE RIBEIRÃO PRETO

Além de falhas das prefeituras, o número maior de mosquitos, que se multiplicaram após as chuvas de 2009, e o sorotipo 1 que voltou a circular explicam a explosão de casos no Estado, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
"Certamente o Aedes aegypti não está sendo combatido [pelas prefeituras] de forma efetiva e integrada, sem interrupções", diz o epidemiologista Roberto Medronho, da UFRJ.
O infectologista Benedito Antônio Lopes da Fonseca, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da USP de Ribeirão, vê uma combinação de três fatores para a alta.
O primeiro foi o excesso de chuvas em 2009, que permitiu surgir mais criadouros e mais mosquitos.
Soma-se um retorno do sorotipo 1 a SP. Essa volta, por fim, encontrou uma população suscetível a ele.
"Dessa forma está montada a infraestrutura para uma grande epidemia, porque você tem os três pilares da transmissão de dengue, que é o mosquito, a população e a capacidade dele se procriar", disse.
A grande circulação do tipo 1 ocorreu no país entre 1986 e 1987, diz Medronho.
Foi no Rio que uma grande epidemia nesse período marcou a proliferação da dengue, doença que chegou a ser erradicada no país em 1958.
Uma das razões para a volta da dengue ao país foi o trânsito de pessoas vindas de países latinos não livres da dengue. (JC)


MEMÓRIA
DOENÇA CHEGA A 25 CIDADES NA REGIÃO

A região de Ribeirão Preto já tem casos confirmados de dengue em 2011 em pelo menos 25 localidades. Ribeirão -assim como ocorreu no ano passado- lidera a lista de casos, com 452, mas a doença também tem alta incidência em municípios como Ituverava (97 confirmações) e São Joaquim da Barra (34).


Bebedouro aprova multa a moradores

DE RIBEIRÃO PRETO

A Câmara de Bebedouro aprovou anteontem um projeto de lei que permite multar os proprietários de imóveis com possíveis criadouros de dengue.
A lei classifica como leves, graves e gravíssimas as infrações cometidas pelos moradores que mantiverem criadouros do mosquito Aedes aegypti em suas casas ou empresas, e estabelece as multas para cada caso.
No caso de infrações cometidas em casa, a multa poderá chegar a R$ 250. Para comércio, o valor é de R$ 2.000 e indústria, pode chegar a R$ 5.000. Neste ano, foram confirmados quatro casos em Bebedouro.
Em Ribeirão, os proprietários que não mantêm seus terrenos limpos também podem ser penalizados. O valor da multa é de R$ 261.

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