CORREIO BRAZILIENSE. Brasília, 27 de fevereiro de 2011 Bichos
Cães diagnosticados com câncer não necessariamente precisam ser sacrificados. Hoje em dia, há tratamentos capazes de devolver-lhes a saúde ou de amenizar os sintomas da doença
|
Bruno Peres/CB/D.A Press |
|
Em meio à agitação da clínica veterinária, Penélope, 7 anos, sem raça definida, chamava a atenção. Deitada no colo da dona, a aposentada Zuleika Santos Andrade, a cadelinha tinha um ar abatido. Ela havia acabado de receber uma transfusão sanguínea — rotina desde que foi diagnosticada com um linfoma de intestino, em novembro passado. A doença foi descoberta por acaso. Zuleika achava que a Penélope estava prenhe por conta do abdome dilatado. “Estamos na luta”, desabafa em voz baixa, como se não quisesse incomodar a tristonha vira-latas.
Se for operada, Penélope pode não resistir. “Ela está em tratamento. Começou fazendo quimioterapia uma vez por semana. Agora é quinzenal. O câncer teve um regresso, mas infelizmente os médicos falaram que operar seria um risco”, relata a dona. Segundo a aposentada, o quadro é instável: há dias de melhora e outros em que a mascote passa muito mal. “Mas estamos tentando todos os recursos”, resigna-se.
A cadela Golden, também sem raça definida, é a prova de que não se deve perder a esperança. Em 2007, constatou-se que ela tinha um tumor venéreo transmissível (TVT) e, hoje, está curada. Lacy Mesquita Oliveira, 57 anos, dona de casa, conta que o animal apareceu na vizinhança e não foi mais embora. “Ela estava suja, com fome e ferida na região da genitália”, descreve. A descoberta do câncer não foi imediata. A princípio, uma veterinária falou que era uma bicheira, uma infecção na pele causada por moscas. “Foi tratada com antisséptico e antibióticos, mas o sangramento não parava e a veterinária indicou a castração para que ela não ficasse prenhe.”
Só que ela já esperava filhotes, de modo que não não pôde ser tratada do câncer até o nascimento da ninhada — a quimioterapia, muito provavelmente, provocaria um aborto. Assim, durante a gestação, Golden foi tratada com antibióticos e vitaminas que a fortalecessem. “Durante esse período, ela ficou bastante abatida, perdeu os pelos e precisou de muito repouso. Depois, teve de ser separada dos filhotes. Mas não precisou ser operada”, recorda.
Golden está agora plenamente reestabelecida — brinca muito, faz companhia para Lacy e é o xodó da vizinhança. “Ela está curada. As feridas desapareceram e, se a deixarmos sem coleira durante os passeios, ela escolhe o caminho e, quando chega no bloco, senta-se como se esperasse por alguém”, conta a dona, orgulhosa.
Dona Lacy, infelizmente, teve mais um susto, dessa vez com a Bina, seu outro pet. O diagnóstico foi câncer de mama. Depois da cirurgia de retirada dos caroços, a cadelinha passou por plástica na região. “A quimioterapia foi mais rápida e menos penosa que a da Golden, nem o pelo caiu tanto.” O sofrimento, explica Lacy, foi maior na fase da recuperação. “O mais difícil foi mantê-la em movimento, com pequenas caminhadas, logo que os pontos fecharam bem”, relata. Mas o fim dessa história é feliz: Bina está ótima, com as orelhas sempre em pé.
Um mal associado à longevidade
A possibilidade de cães e gatos desenvolverem câncer cresce com o avanço da idade. “Houve aumento na expectativa de vida dos animais e, como consequência, as doenças evoluíram”, explica o oncologista-veterinário Paulo Tabanez, também especialista em infectologia. A boa notícia é que os tratamentos também se sofisticaram.
No passado, não havia medicação para câncer em animais, e os tumores não eram tratados. “Ou ele morria antes de se diagnosticar o câncer ou era sacrificado”, constata o especialista. Atualmente, a eutanásia não é a melhor solução para abreviar o sofrimento do pet — há tratamentos curativos e paliativos mais eficientes.
De fato, o câncer animal pode ter diferentes prognósticos. Conforme o caso, pode-se optar entre métodos cirúrgicos e medicamentosos — ou lançar mão de ambos. “Quando não é possível operar o animal, há medicamentos que promovem qualidade de vida, tranzendo alívio para a dor”, complementa. Todavia, alguns efeitos colaterais podem ser penosos. Os quimioterápicos causam desde queda de pelo a náuseas, vômitos e leucopenia (também chamada de aplasia de medula, quadro em que o os sistemas de defesa do organismo ficam debilitados). “Para minimizar esses efeitos, o veterinário pode prescrever medicações que protejam a mucosa gástrica”, complementa Tabanez.
O que pode trazer
bem-estar ao animal
durante o tratamento
l Medicações para controlar vômitos e proteger a mucosa gástrica
l Sessões de acupuntura
l Alimentação balanceada com fórmulas específicas para cães com alterações gastrointestinais, renais e hepáticas
Agradecimentos: Prontovet
Arquivo Pessoal |
|
Ligeirinhas
“Por muito tempo, fiz parte de um grupo muito grande de pessoas que, infelizmente, não gosta de gatos. Sempre criei cachorros e tinha opinião formada sobre o assunto. Quando fui morar em uma quitinete, fiquei impossibilitada de criar um cão e sentia muita falta de um animal de estimação. Certo dia, uma amiga ofereceu-me uma gata. Pensei em aceitar, mas o preconceito me fez desistir. Passaram-se duas semanas e meu irmão ofereceu-me um gatinho que a namorada dele encontrou na rua. Resolvi tentar porque, no fundo, sabia que deveria enfrentar meu trauma (quando pequena um gatinho arranhou meu rosto e fiquei com o sentimento de que gatos eram traiçoeiros — hoje me recordo que peguei o pobre do gato e o apertei, ele apenas se defendeu como pôde). Fomos até a casa da namorada de meu irmão. Quando o vi, simpatizei bastante com ele porque o achei muito mansinho, mas avisei que, se não me adaptasse, o devolveria no sábado (era uma quarta-feira). Comprei ração e areia e quando cheguei com ele em minha casa fiquei desconfiada e ressabiada porque ele começou a ronronar (não entendia nada sobre gatos e pensei que ele queria me atacar), não consegui nem dormir porque ele pulou na cama e dormiu encostado aos meus pés. Então comecei a ler tudo sobre gatos e a entender o comportamento felino. No outro dia, cheguei do trabalho e ele começou a me fazer carinho e ronronar (o ronronado está ligado ao emocional do bichano e dessa maneira ele demonstra seu contentamento e até submissão). Comecei a me encantar pelo Nino. Ele é um gato extremamente brincalhão, adora brincar de se esconder e aparecer de surpresa. Além disso, é muito companheiro e parece que entende tudo! Agora moro numa casa e, sempre que chegamos (eu e meu esposo), ele vai para a porta nos receber com muita alegria, fica de barriga pra cima, ronrona... Ele é o príncipe do nosso lar! Gosto de contar minha história para mudar um pouco o pensamento equivocado que a maioria das pessoas tem sobre gatos. Não é para comparar com a submissão canina, mas para valorizar a natureza independente e única dos felinos, que também podem ser grandes companheiros!”. (Hakelly Cruz) |
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário